terça-feira, 15 de maio de 2012

Talvez


Talvez eu poderia agir como máquina, mas não me sinto como máquina.
Eu não sou programada, não faço nada premeditado.
(Eu sinto e ajo, eu quero e desisto),
Talvez fosse bom agir assim, fazer parte deste mundo de vez.
Mas,  esse negócio de agir como se fosse programada não será nunca para mim, não faço as coisas sempre iguais, nem me realizo assim.
(Se eu escrever uma frase, e tiver que reescrevê-la sem copiar e colar, nunca sairá igual).
Eu não sei passar nada a limpo, porque tudo vira novo, sofre algumas rejeições e ganha algumas observações.
Talvez você me observa, analisa, como se fosse possível me conhecer, ah, nem eu consigo.
(Enlouqueci meu psicólogo assim).
Talvez você julga estar à frente, mas já caminhei antes léguas adiante de ti.
(Talvez pouco aprendi, será?).
Talvez no momento em que você fala com simpatia, 
sua voz soa para mim a demagogia; 
talvez pareça ironia;
(Eu penso: não gosto disto).
Talvez você exija demais,
 ou queira resultados além do que eu tenho a dar.
Mas, em tudo que faço ponho o meu coração, eu preciso sentir gosto, prazer para me valer.
Se não for assim, eu sei que vou sofrer.
(Se não correspondi, não foi por querer).
Talvez eu também fiz parte deste jogo,
como peça, sendo manipulada para dar resultados feliz!
Ah isso não é para mim.
(Não satisfaço ao jogo enfim)
Talvez o fato de eu gostar da sinceridade, de corresponder ao que eu tenho como princípios, honestidade e lealdade, não seja o que o jogo pede.
(Por isso é melhor me por fora da caixa).
Talvez o desejo que eu tive em  fazer o melhor, 
nunca será o melhor para ti.
(Que pena).

Eu pensei que buscar a qualidade,  seria sem atropelar os meios. 
A cada ato, como se fosse único, com o tempo que o ato exige.
(Isso não é qualidade enfim?)
(Ah! mas só assim eu teria a certeza de que valeu a pena).
Talvez eu precisasse sim ouvir mais,
falar é bom, mas ao ouvir, aprende-se  mais.
Mas se eu não ouvia como devia, talvez foi porque não fui ouvida como merecia. 
(A acusação sempre antes da justificação).
(Ou foi desdém então?)
Talvez eu não olhe mais para trás,
 talvez eu queira esquecer, 
talvez eu procure um novo amanhecer.
Talvez eu chore e queira voltar, talvez tenha boas lembranças a recordar;
Talvez ainda tenha muito a aprender ou a ensinar.
(Sempre tem).
Talvez.








2 comentários:

  1. Muito lindo o texto, talvez sejamos mesmo assim, cheios de "talvez". Beijos

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  2. "Talvez", a fonte de interrogações e de descobertas. Quando nele esbarramos, aguçamos nossa sensibilidade e aumentamos nossa capacidade de perceber que tudo tem dois lados e nos compete escolher.

    Bjs.

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